Outras
de Kingsford e Maitland |
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Atrativo tanto ao Lado Intelectual, quanto ao Lado Devocional “Em uma época como a de nossos dias, que se caracteriza por pesquisas que tudo abrangem, análises exaustivas e críticas abundantes, nenhum sistema religioso pode perdurar, a menos que seja atrativo tanto ao lado intelectual, quanto ao lado devocional da natureza humana. Atualmente a fé da cristandade está perecendo por conta de um defeito radical no seu método de apresentação, através do qual ela é levada a um perpétuo conflito com a ciência; e uma tarefa esgotante e indigna é imposta aos seus seguidores, de um incessante esforço a fim de acompanhar os avanços das descobertas científicas, ou as oscilações da especulação científica. O método por meio do qual aqui se tenta eliminar a incerteza e insegurança, assim engendradas, consiste no estabelecimento destas duas posições: (1) Que os dogmas e símbolos da Cristandade são substancialmente idênticos àqueles dos demais sistemas religiosos pretéritos; e (2) Que o verdadeiro plano das crenças religiosas reside, não onde a Igreja o colocou até agora – no sepulcro da tradição histórica, entre os ossos ressecados do passado – mas sim no vivo e imutável Céu, em direção ao qual aqueles que desejam verdadeiramente encontrar o Senhor devem, em coração e mente, ascender. “Por que procurais o vivo entre os mortos? Ele não está aqui, ele ascendeu”. Isto é, o verdadeiro plano da crença religiosa não é, por assim dizer, o objetivo e físico, mas o subjetivo e espiritual.” (pp. 6-7) [Anna Kingsford e Edward Maitland.
The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo). Segunda edição, primeira nos EUA, revisada e ampliada: Esoteric Publishing Company, Boston, 1988. 358 pp.]
“O Caminho Perfeito” – Comentário do Barão Giuseppe Spedalieri “O veterano estudante da “ciência divina” [N.T.: Barão Giuseppe Spedalieri.], sobre o qual a referência como o amigo, discípulo, e sucessor literário do renomado mago, o finado Abbé [N.T.: Abade.] Constant (“Elifas Levi”), será para todos os iniciados uma indicação suficiente de sua personalidade, assim nos escreveu: | “Assim como com as correspondentes Escrituras do passado, o destaque a favor de seu livro é, realmente, de milagres: mas com a diferença que no seu caso os milagres são intelectuais e incapazes de simulação, sendo milagres de interpretação. E eles possuem a distinção adicional de não cometer nenhum atentado violento ao bom senso ao infringir as possibilidades da Natureza; ao mesmo tempo que eles estão em completo acordo com todas as tradições místicas, e especialmente com a grande Mãe destas – a Cabala. Que milagres, tais como os que estou descrevendo, devem ser encontrados em
O Caminho Perfeito, em número e espécie não igualados, aqueles que são os mais qualificados para julgar serão os mais rápidos a afirmar. “E aqui,
apropos dessas célebres Escrituras, permitam-me oferecer-lhes algumas observações sobre a Cabala conforme a temos. É minha opinião: “(1) Que essa tradição está longe de ser genuína, tal como era em sua emergência original dos santuários. “(2) Que quando Guillaume Postel – de excelente memória – e seus irmãos Hermetistas da alta Idade Média – o Abade Trithemius e outros – predisseram que esses livros sagrados dos hebreus deveriam tornar-se conhecidos e compreendidos no final da era, e especificaram o presente tempo para aquele evento, eles não queriam dizer que tal conhecimento deveria estar limitado à mera divulgação dessas particulares Escrituras, mas que teria por base uma nova iluminação, a qual deveria eliminar daquelas tudo o que foi ignorantemente ou propositadamente introduzido, e deveria reunificar aquela grande tradição com a sua fonte ao restaurá-la em toda a sua pureza. “(3) Que essa iluminação recém foi realizada, e foi manifestada em O Caminho Perfeito. Pois nesse livro encontramos tudo o que há de verdade na Cabala, complementado por novas intuições, tais que apresentam um corpo de doutrina ao mesmo tempo completo, homogêneo, lógico e inexpugnável. “Uma vez que toda a tradição se encontra assim recuperada ou restaurada na sua pureza original, as profecias de Postel etc., estão cumpridas, e considero que daqui para frente o estudo da Cabala será apenas um objeto de curiosidade e erudição como aquele das antigüidades hebraicas. “A humanidade tem sempre e em todos os lugares se perguntado estas três supremas questões: – De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? Pois bem, essas três questões encontram uma ampla resposta, completa, satisfatória, e consoladora, em
O Caminho Perfeito.” (p. lxxviii) [Anna Kingsford e Edward Maitland.
The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo). Segunda edição, primeira nos EUA, revisada e ampliada: Esoteric Publishing Company, Boston, 1988. 358 pp.] |
“O Caminho Perfeito” Será Considerado uma Biblioteca Oculta “O Caminho Perfeito será considerado uma biblioteca oculta em si mesmo, e aqueles desejosos de penetrar no conhecimento e no significado esotéricos da vida, serão fartamente recompensados pelo seu estudo ou cuidadosa leitura; e, sobretudo, aqueles que sentem que não podem dispor dos recursos ou do tempo para adquirir e ler muitos livros farão bem em ter essa obra como uma de suas primeiras escolhas. Para esses, e para todos os que estão procurando uma nova luz, uma nova vida, e inspiração mais elevada, nós respeitosamente dedicamos a edição norte-americana.” (p. 4) [Anna Kingsfrod e Edward Maitland.
The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo). Segunda edição, primeira nos EUA, revisada e ampliada: Esoteric Publishing Company, Boston, 1988. 358 pp.]
Doutrina das Castas – A
Ensinem Acima de Todas as Coisas
“Vejam que acima de todas as coisas vocês ensinem a doutrina das
Castas. Os cristãos cometeram um sério erro ao requerer a mesma regra de todas
as pessoas. As castas são como degraus por meio dos quais se ascende do mais
baixo para o mais alto. Elas são, propriamente, graus ou níveis espirituais, e
não guardam qualquer relação com a condição externa da vida. Como todas as
demais doutrinas, aquela das castas foi materializada. As castas são quatro em
número, e correspondem à quádrupla natureza do homem.” (p. 50) [Anna Kingsford –
Clothed With The Sun. Being the Book of the Illuminations of Anna (Bonus)
Kingsford (Vestida Com o Sol. Sendo o Livro das Iluminações de Anna (Bonus)
Kingsford). Editado por Edward Maitland e Samuel Hopgood Hart. Terceira
Edição, 1937. First Sun Books Printing, Santa Fe, USA, 1993. 210 pp.]
Duas Coisas da Religião Cristã
“No presente momento há
duas coisas da religião cristã que devem ser óbvias para todas as
pessoas de discernimento; a primeira, que os homens não podem viver sem
ela; e a segunda, que eles não podem viver com ela assim como ela está.”
(p. 6) [Matthew
Arnold, citado em The
Perfect Way; or, The Finding of Christ – Anna Kingsford e Edward
Maitland. Boston, Esoteric
Publishing Company, 1888. 358 pp.]
Erguido Véu do Simbolismo Igrejas são Similares, Doutrinas Básicas são
Idênticas
“Uma vez erguido o véu do simbolismo da face divina da Verdade,
todas as Igrejas são similares, e a doutrina básica de todas é idêntica (...).
Grega, Hermética, Budista, Vedantina, Cristã – todas essas Lojas dos Mistérios
são essencialmente unas e são idênticas em doutrina. (...)
Nós sustentamos que nenhum credo eclesiástico isolado é
compreensível somente por si mesmo, se não for interpretado com o auxílio de
seus antecessores e de seus contemporâneos.
Por exemplo, estudantes de teologia cristã somente aprenderão a
entender e a apreciar o verdadeiro valor e significado dos símbolos que lhes são
familiares por meio do estudo da filosofia Oriental e do idealismo pagão.
Pois o Cristianismo é o herdeiro dessa filosofia e desse
idealismo, e o que há de melhor em seu sangue vem das veias dessa filosofia e
desse idealismo.
E visto que todos os seus grandes antecessores ocultaram por trás
de suas fórmulas e ritos externos – os quais são meras cascas e coberturas para
entreter os pobres de entendimento – as verdades internas ou ocultas reservadas
ao iniciado, assim também o Cristianismo reserva aos buscadores sérios e aos
pensadores mais profundos os Mistérios internos verdadeiros, que são unos e
eternos em todos os credos e igrejas desde o princípio do mundo.
Esse significado verdadeiro, interior e transcendental é a
Presença Real velada nos Elementos do Divino Sacramento: – a substância mística
e a verdade simbolizadas sob o pão e o vinho das antigas orgias de Baco, e agora
da nossa própria Igreja Católica.
Para aquele não sábio, que não pensa profundamente, que é
supersticioso, os elementos físicos são a finalidade do rito; para o iniciado, o
vidente, o filho de Hermes, eles são apenas os sinais externos e visíveis
daquilo que é sempre, e necessariamente, interno, espiritual e oculto”. [Citado
por Samuel H. Hart, em seu Prefácio à Quinta Edição (pp. 12-13), da
obra The Perfect Way (O Caminho Perfeito). Citação extraída de Life of Anna Kingsford (Vida de Anna Kingsford), Vol. II, pp.
123-124.]
Ex Oriente Lux. Por que Igreja Cristã foi Chamada de Católica? Figura do
Cristo Sintetiza Figuras Centrais das Dispensações Anteriores
“A fé cristã é a herdeira direta da velha
fé romana. Roma foi a herdeira da Grécia, e a Grécia do Egito, de onde
se originaram o legado de Moisés e o ritual hebraico.
O Egito foi apenas o foco de uma luz cuja
verdadeira fonte e centro era o Oriente em geral – Ex Oriente Lux. Pois
o Oriente, em todos os sentidos, geograficamente, astronomicamente e
espiritualmente, é sempre a fonte de luz.
Mas, embora originalmente derivada do
Oriente, a Igreja de nossos dias e de nosso país é modelada diretamente
a partir da mitologia greco-romana, e de lá retira todos os seus ritos,
doutrinas, cerimônias, sacramentos e festivais.
Portanto, a exposição que será feita sobre
o Cristianismo Esotérico tratará mais especificamente dos mistérios do
Ocidente, uma vez que suas idéias e sua terminologia são para nós mais
atrativas e próximas do que as concepções não artísticas, a metafísica
não familiar, o espiritualismo melancólico e a linguagem pouco sugestiva
do Oriente.
Extraindo sua essência-vital diretamente
da fé pagã do velho mundo Ocidental, o Cristianismo mais proximamente se
parece com seus pai e mãe imediatos, do que com seus ancestrais remotos,
e será, então, melhor exposto com referência a suas fontes da Grécia e
de Roma, do que com referência a seus paralelos bramânicos e védicos.
A Igreja cristã é católica, ou então ela
não é nada que mereça, em absoluto, o nome de Igreja. Pois católico
significa universal, todo-abarcante: – a fé que sempre e em todos os
lugares foi recebida. A prevalecente visão limitada desse termo é errada
e prejudicial.
A Igreja cristã foi inicialmente chamada
de católica porque ela abarcava, compreendia e tornou seu o passado
religioso de todo o mundo. Reunindo em sua figura central – do Cristo –
e em torno dessa figura todas as características, lendas e símbolos até
então pertencentes às figuras centrais das dispensações anteriores,
proclamando a unidade de toda aspiração humana, e formulando em um
grande sistema ecumênico as doutrinas do Oriente e do Ocidente.
Assim, a Igreja católica é védica,
budista, zend-avesta e semítica. Ela é egípcia, hermética, pitagórica e
platônica. Ela é escandinava, mexicana e druídica. Ela é grega e romana.
Ela é científica, filosófica e espiritual.
Encontramos em seus ensinamentos o
panteísmo do Oriente, e o individualismo do Ocidente. Ela fala a língua
e pensa os pensamentos de todos os filhos dos homens; e em seu templo
todos os deuses estão em um lugar sagrado.
Eu sou vedantina, budista, helenista,
hermética e cristã, porque eu sou católica. Pois nessa única palavra
todo o Passado, Presente e Futuro estão abarcados.
Como Santo Agostinho e outros dos Padres
(Pais) da Igreja verdadeiramente declararam, o Cristianismo não contém
nada de novo a não ser o seu nome, estando próximo dos antigos desde o
seu início. E as várias seitas, que retém apenas uma porção da doutrina
católica, são apenas como cópias incompletas de um livro, do qual
capítulos inteiros foram retirados, ou como representações de uma peça
teatral na qual apenas alguns de seus personagens e de suas cenas foram
mantidos”. [The
Credo of Christendom (O
Credo do Cristianismo), pp. 94-96]
Fé Sem Compreensão É Credulidade “É verdade que é ‘a fé que salva’, mas a fé que não tem a compreensão não é fé, mas sim credulidade.” (p. xi) [Edward Maitland. De uma carta publicada na revista Light, de 17 de dezembro de 1892. Parte de citação feita por Samuel Hopgood Hart, no Prefácio para a Terceira Edição de The Story of Anna Kingsford and Edward Maitland and of The New Gospel of Interpretation. The Ruskin Press, Birmingham, 1905. 204 pp.]
O
Fogo Consome os Sentidos
e Fruta e Pão
– “Agora,
vocês nem vêem nem ouvem; pois o fogo em seus órgãos consome os seus sentidos.
Sois todos cegos e surdos, criaturas de barro. Nós lhes enviamos um livro para
ler. (1) Pratiquem os seus preceitos, e seus sentidos se abrirão.”
[Dreams and Dream-Stories, pp. 37-38]
(1) “O livro referido era um volume intitulado
Fruta e Pão, o qual foi enviado anonimamente na manhã anterior.” [Dreams
and Dream-Stories (Sonhos e Estórias de Sonhos). Nota de Rodapé
(38:1)]
Movimento Vegetariano: Redentor do Mundo
“Considero o movimento vegetariano o mais importante movimento de nossa
época. Acredito nisso porque vejo nele o começo da verdadeira
civilização. Minha opinião é que até o presente momento não sabemos o
que significa civilização. Quando olhamos para os cadáveres dos animais,
sejam inteiros ou cortados – que com molhos e condimentos são servidos
em nossas mesas – não pensamos no horrível fato que precedeu esses
pratos; e, não obstante, é algo terrível saber que a cada refeição que
fazemos foi a custo de uma vida. Sustento que devemos à civilização
a elevação de toda aquela classe profundamente desmoralizada e
barbarizada de pessoas – açougueiros, boiadeiros e todos os outros
envolvidos nesse negócio deplorável. Milhares de pessoas são degradadas
pela presença de abatedouros em suas vizinhanças, o que condena classes
inteiras a uma ocupação aviltante e desumana. Aguardo pelo tempo em que
a consumação do movimento vegetariano tenha criado homens perfeitos,
pois vejo nesse movimento o alicerce da perfeição. Quando percebo as
possibilidades do vegetarianismo e as alturas a que ele pode nos elevar,
me sinto convencida de que ele se provará o redentor do mundo”.
[Anna
Kingsford. Citada por
Samuel H. Hart, em
In
Memoriam Anna Kingsford. Este livreto contém o texto completo, com
adendos do autor, da palestra proferida por ele para a Sociedade
Vegetariana de Leeds, em 15 de setembro de 1946, na comemoração do
Centenário do nascimento de
Anna
Kingsford.]
Nenhuma das Duas
Metades, Separadamente, é um Homem
“Pois – como já
foi dito – aquilo por meio do que o homem alcança a condição de ser
homem (ou plena virilidade) é a mulher. É o seu poder de reconhecer,
apreciar e conquistá-la, que o marca, fisicamente, como homem. Ela é
que, o influenciando por meio das afeições nele despertadas, o tira de
sua trajetória externa e sem objetivo definido, na qual, quando deixado
por si mesmo, ele cedo ou tarde ficaria disperso e perdido; e quem, ao
atraí-lo em torno de si mesma, como um centro, o redime e o transforma
em um sistema capaz de auto perpetuação, ao mesmo tempo em que
suplementa e complementa suas qualidades masculinas, tais como a força e
o intelecto, com suas qualidades femininas, tais como a resistência, o
amor e a intuição. Desse modo, pela adição de si mesma, ela o transforma
em um Homem.
“Não é à metade
masculina do dualismo formado pelos dois, que o termo Homem é
adequadamente aplicável, mais do que à metade feminina. Nenhuma das duas
metades, separadamente, é um Homem; e é por causa de um desafortunado
defeito da linguagem que a metade masculina do homem é chamada de homem.
Ele é um homem masculino, e ela é um homem feminino. E somente quando
casados, isto é, quando
fundidos, em uma unidade,
por meio de um perfeito casamento, que resulta um Homem. Os dois juntos,
desse modo unidos compõem uma unidade humana – como a terra e a água
compõem uma Terra – e por seu poder de auto perpetuação e multiplicação
demonstram a completude e perfeição de seu sistema.”
(The
Perfect Way
(O Caminho Perfeito),
pp. 181-182)
Ordem
Divina da Cavalaria É a Ordem do Cristo
“A divina Ordem da Cavalaria é a inimiga do
isolamento ascético e do indiferentismo. É a Ordem do Cristo
que anda pelo mundo fazendo o bem. O cavaleiro cristão,
montado em um valente corcel (pois o cavalo é o símbolo da
inteligência), e equipado com a armadura de Miguel, é o
modelo da vida espiritual – a vida de ativa e heróica
caridade.”
(p. 278) [Anna Kingsford –
Dreams and Dream-Stories
(Sonhos e Estórias de Sonhos)
– Editado por Edward Maitland. Segunda Edição: George Redway,
Londres, 1888. 281 pp.]
Se Tornará a Religião de Grandes
Nações
“Sei que em algum dia ainda distante, agora, de fato, talvez
muito remoto, a mensagem que nós pregamos em um canto se tornará a
religião de grandes nações.”
(Anna
Kingsford) (p. 1) [Anna
Kingsford e Edward Maitland.
Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios
sobre Vegetarianismo). Editado por Samuel Hopgood Hart. John
M. Watkins, Londres, 1912. 227 pp.]
Suprema Função do Homem é o Saber
“10. Segundo a doutrina mística, por outro lado, aquele que é humano apenas na
forma, é tão somente um homem rudimentar, e pode ser classificado, em todas as
questões essenciais, naqueles graus mais baixos de humanidade, ou seja, as
plantas e os animais. Ele possui, como eles, apenas a potencialidade de
humanidade, e de modo algum a humanidade plenamente realizada. Pois, segundo
essa doutrina, o saber é a suprema função do homem; de modo que ele não é
propriamente homem enquanto não souber, ou, pelo menos, possuir um órgão para
esse saber, e tenha a capacidade de saber. Além disso, o próprio termo saber,
tem, em relação a isso, um significado especial. Pois o [pg. 181 do original]
místico o aplica somente para a cognição a respeito de Realidades. Tão somente
isso é para ele saber, o qual tem como seu assunto a natureza do Ser, sua
própria natureza, quer dizer, e de Deus; não fenômenos meramente, mas sim
Substância, e seu método e sua operação. E, levando-se em conta que, a fim de
que possa ter esse saber, o homem deve ter alcançado sua consciência espiritual,
segue-se que, segundo a definição mística, o homem não é homem até que tenha
alcançado a consciência de sua natureza espiritual. Alcançar isso, e unicamente
isso, é alcançar a verdadeira idade adulta do ser humano [do homem]. E, antes
dessa realização, o indivíduo é tão somente um infante, incapaz de preencher, ou
mesmo de compreender, as funções da maturidade ou plena estatura do homem.”
[Negrito do tradutor.] [The
Perfect Way; or, the Finding of Christ (O
Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo). Anna Kingsford and
Edward Maitland. Quinta edição, com adições, e Prefácio Biográfico escrito
por Samuel Hopgood Hart: John M. Watkins, Londres, 1923.
405 pp. (pp. 180-181)]
Trabalhar
É Orar
"A instrução
sempre é – “Trabalhar é orar"; "Pedir é receber"; "Bater é
ter a porta aberta." "Tenho dito frequentemente", diz meu
gênio, "Pense por si mesmo. Quando se pensa interiormente,
se ora intensamente, e se imagina de maneira centralizada,
então, se conversa com Deus." (p. 37) [Anna
Kingsford –
Clothed With the Sun
(Vestida com o
Sol) –
Terceira
edição: editada por Samuel Hopgood Hart, 1937. Sun Books (reimpressão), Santa Fe,
EUA, 1993. 210 pp.]
Vôo das Gaivotas num Glorioso Dia: – a Felicidade e o Choque
"Certa ocasião,
após sair de uma grave crise da doença (tuberculose), ela
foi levada para um período de recuperação em Dieppe,onde
ocorreu um incidente muito ilustrativo da sua natureza
suscetível. Tendo passado ali algum tempo e se beneficiado
muito com a mudança, ela tinha ido, em companhia de Edward
Maitland, se despedir do marido que partia de navio. Então,
conta o seu biógrafo:
"Era um dia absolutamente
glorioso pela sua beleza. Enquanto esperávamos, ficamos
olhando as brincadeiras de um grupo de gaivotas marinhas,
cujas asas eram de um branco que brilhava, enquanto elas
faziam seus vários círculos voando diante de um céu do mais
claro e suave azul, aproximando-se uma das outras como que
se saudando, e, então, mergulhando outra vez para,
novamente, repetir a manobra, emitindo sons de alegria e
deleite, compondo um espetáculo de rara beleza, que
penetrava até o íntimo do coração de quem se recuperava,
induzindo a um sentimento de êxtase com as possibilidades de
felicidade e de uma vida natural e saudável que esse simples
fato nos comunicava. Embora eu também estivesse absorvido
pela beleza do cenário, e não menos do que minha
companheira, não pude deixar de observar o maravilhoso
efeito que isso nela causava, e um pensamento surgiu em
minha mente: "Esse é o melhor remédio de todos os que ela já
teve”.
“Enquanto olhávamos e sentíamos o cenário, um tiro foi
disparado de um barco com alguns homens e mulheres, o qual,
sem que percebêssemos, havia chegando desde a parte oposta
do píer; e imediatamente um dos pássaros caiu no mar, onde
ficou flutuando em agonia com uma asa ferida, enquanto seus
companheiros voavam ao redor com gritos ásperos e
discordantes; e num só instante toda a cena brilhante se
transformou, de inocência e deleite, em profundo abatimento
e tristeza. Era um assassinato cometido num Éden, seguido
por um eclipse quase instantâneo de tudo o que o tornava o
próprio Paraíso. Mary [N.T.: Como ele muitas vezes chamava
Anna Kingsford.] estava atônita. O seu organismo
recentemente tão combalido sucumbiu sob o choque em uma
convulsão de sentimentos. O seu impulso era de se jogar no
mar para socorrer o pássaro ferido, e foi com dificuldade
que consegui detê-la; e tão somente após dar vazão a uma
agonia com muitas lágrimas, e de despejar sobre a turma de
onde havia sido disparado o tiro uma tempestade de acusações
e impropérios, com risco iminente até mesmo de ser detida,
enquanto eles vinham para a terra, segurando o pássaro,
agora já morto, como um troféu. E somente com muito esforço
eu consegui levá-la de volta para o hotel. Pelas próximas
vinte e quatro horas ela ficou completamente alterada, em um
estado de rancoroso torpor."
Nenhum incidente poderia ser mais característico do seu
temperamento e da sua forma de ver a vida. O charme, a
beleza e o deleite da vida estavam apenas na superfície, e
apenas serviam para encobrir o horror e a angústia que jazia
por debaixo dessa capa. Ela sentia como o Apóstolo, que toda
a criação gemia e sofria junto com ela, e para o seu
espírito hiper-sensitivo a própria vida era com muita
freqüência um verdadeiro inferno." (pp.
6-8) [Ralph Shirley – Anna Kingsford and Edward
Maitland. Mandrake Press, Thame, Inglaterra, 1993.
23 p.]
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